Antibióticos induzem resistência bacteriana?
- nathanlima132
- 6 de abr. de 2017
- 3 min de leitura
Um dos maiores problemas da área da saúde atualmente é sem dúvida o surgimento de novas espécies de bactérias multirresistentes. Ou seja, bactérias cujos antibióticos existentes não são capazes de matar. Essas bactérias representam um grande risco à saúde humana e são encontradas principalmente em infecções hospitalares, já que em um ambiente hospitalar, praticamente todos os pacientes fazem ou farão em algum momento um tratamento com antibiótico, impedindo bactérias sensíveis de se reproduzirem ali.
Mas de onde exatamente vem a mutação que torna uma bactéria que anteriormente era sensível a um antibiótico X em resistente ao mesmo?
Com certeza você já ouviu o comentário de que o uso excessivo de antibióticos teria "induzido" a mutação das bactérias, e que com o contato entre as bactérias e os antibióticos, aos poucos elas se tornaram resistentes aos mesmos. Isso não é verdade.
A relação entre o antibiótico e a resistência bacteriana pode ser explicada facilmente pela teoria evolutiva de Darwin: a seleção natural.
Uma mutação no DNA de uma bactéria, seja ela benéfica ou maléfica para a mesma (é importante ressaltar que, assim como nos seres humanos, as mutações em geral são maléficas para as bactérias, e as tornam incapazes de sobreviver. Em alguns casos, as mutações trazem um benefício para elas, como no caso da resistência), ocorre totalmente por acaso.
Por acaso? Quer dizer que do nada, as bactérias estão se reproduzindo, e umas delas se torna resistente? Exatamente! E é exatamente ai que entra a seleção natural de Darwin.
As bactérias se reproduzem a partir de uma única bactéria. Desse modo, todas as bactérias que surgirão serão geneticamente idênticas à primeira, a menos que ocorra uma mutação. Quando uma das bactérias geradas sofre uma mutação, as bactérias que são geradas a partir desta mutante, receberão o DNA idêntico. Ou seja, a partir dai, a bactéria que sofreu mutação da origem a outras bactérias mutantes.
E onde o antibiótico entra nisso tudo?
Um outro conceito importante é o de que o espaço para uma bactéria dentro do nosso organismo não é infinito, apesar de seu tamanho microscópico. Então, em um determinado ponto, existem tantas bactérias presentes naquele local que elas já não conseguem se multiplicar. Este é o ponto chave de interferência do antibiótico.
Suponhamos que você está com uma infecção de garganta. Nessa infecção, existem bactérias normais e existem algumas poucas bactérias com uma mutação que as tornam resistentes à amoxicilina (um antibiótico). O médico, percebendo o quadro de infecção, te prescreve o antibiótico e você começa a fazer o tratamento. A amoxicilina teoricamente deveria eliminar todas as bactérias causadoras da infecção, mas nesse caso você já deve ter raciocinado que isso não irá acontecer.
A amoxicilina irá eliminar todas as bactérias, exceto aquelas que possuem a mutação que as torna resistentes. E ainda existe uma vantagem para as bactérias no tratamento. Quando a amoxicilina elimina as bactérias sensíveis, ela libera o espaço que antes elas ocupavam e possibilita a multiplicação das bactérias resistentes. Em pouco tempo, você pode adquirir uma infecção por bactérias resistentes à amoxicilina. Nesse caso, para eliminar as bactérias resistentes pode ser necessário trocar o antibiótico por um mais forte, ou usar um conjugado no tratamento, como é comumente usado o clavulanato.
Então, o contato com o antibiótico não torna a bactéria resistente, já que a mutação acontece ao acaso. Podemos dizer que isso é um mito! Porém em casos de bactérias resistentes entre as sensíveis, o uso do antibiótico pode favorecer a multiplicação das resistentes pelo fato da seleção natural, a sobrevivência do mais forte.
E ai, gostou do post? Já pode explicar pra sua mãe que tomar antibiótico não vai tornar sua bactéria um X-men? Envie sugestões e comentários por email sobre a qualidade do post! Fique ligado no Genoma curioso!

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